quarta-feira, 13 de março de 2013

Uma noite em Caracas

 
Nunca pensei em ir à Venezuela. Fui por acaso, há dois anos e meio, em setembro de 2010. Achava que iria desistir de uma viagem à Espanha quando resolvi ligar para a TAM. Usaria milhas e até então só conseguia reservar a ida. O rapaz da TAM propôs uma rota alternativa para a volta: “Senhor, para esta data há a opção de voltar por Caracas. O senhor iria por conta própria de Valência a Frankfurt e, com milhas, faria Frankfurt–Caracas pela Lufthansa, e Caracas–São Paulo–Fortaleza pela TAM”. E ressaltou: “O senhor teria de passar uma noite em Caracas, a conexão para São Paulo só sai no dia seguinte”.
Seria apenas uma noite, não daria para conhecer Caracas. E já que não deu, foram somente um quarto de hotel, um restaurante e uma rápida volta de táxi pela cidade, fiquemos com o que se passou no aeroporto. Não me atrevo a dizer que apenas pelo aeroporto se conhece bem um país. Admitamos, ao menos, que pelo aeroporto tem-se uma ideia.
No aeroporto de Frankfurt, tudo funcionava, era simples, fácil, prático. Você não precisava saber alemão nem inglês, bastava seguir as placas de sinalização, sem se importar com o labirinto percorrido. A eficiência era onipresente. Já no aeroporto de Caracas, onipresentes eram cartazes com fotos de Hugo Chávez e painéis com frases de exaltação às realizações do governo. Você tinha bastante tempo para ler as frases e ver as fotos, a fila não andava. Há filas em quase todos os aeroportos, você há de pensar.
A entrada no país até que foi sem grandes percalços. Os perrengues estavam reservados para o dia seguinte. Não tinha clareado quando fui ao balcão da TAM fazer o check-in. Com o cartão de embarque, prestes a pegar a fila do aparelho de raios X, fui abordado por um policial. Ele perguntou o que eu tinha ido fazer na Venezuela, quantos dias havia passado lá. Em outros países, essa pergunta é feita na chegada e não na saída. “A fila do aparelho de raios X”? Deveria ter dito “as filas”. Sim, passamos por duas filas, foram dois aparelhos, eu nunca tinha visto isso em nenhum aeroporto.
Quando você chega ao portão de embarque e senta-se numa daquelas cadeiras já de frente para a “sanfona”, aquela passarela metálica que vai levá-lo à aeronave, sua sensação costuma ser de alívio. Todos os obstáculos foram vencidos, afinal. Foi essa a sensação que também tive. O alívio foi diminuindo, no entanto, à medida que a fila dentro da passarela só aumentava. Estranho. Em todo aeroporto, essa fila é rápida, você simplesmente mostra o cartão de embarque a uma das aeromoças e ela indica o corredor mais próximo da poltrona. Fui um dos últimos a pegar a fila. Só no fim, avistei uma senhora de farda. Quase na porta do avião, ela revistava todas as bagagens de mão. Aquelas mesmas bagagens que já haviam sido revistadas por dois aparelhos de raios X.
Na poltrona ao lado, sentou-se um cubano. Ele morava em Caracas havia alguns anos. Perguntei-lhe por que motivo havia tanta gente fiscalizando no aeroporto. Inocentemente, perguntei se o objetivo era dar oportunidade de trabalho a mais pessoas e assim diminuir a taxa de desemprego. Ele fez cara de desaprovação:“Que nada. É para causar a sensação de que o estado está sempre presente, atento. Mas você deve ter percebido que isso é falso, você não tem sensação de segurança nem de eficiência.”
A imigração, em todo aeroporto, é sempre mais rigorosa na entrada do que na saída. Sobrou a sensação de a Venezuela ter sido o único país em que sair foi mais difícil do que entrar.
acoelhof

segunda-feira, 4 de março de 2013

Banco Mundial lança campanha contra violência às mulheres


 
Em homenagem ao dia Internacional das Mulheres, e tendo referência o alto índice de violência da qual são vitimas, o Banco Mundial lança neste 1º de Março a campanha “Homem de verdade não bate em mulher”.
 
A iniciativa visa fomentar o debate sobre a violência e ampliar a conscientização sobre essa situação, e conta com a participação de artistas brasileiros. Entre eles estão os atores Cauã Reymond, Gabriel Braga Nunes, Thiago Fragoso e Rodrigo Simas, o judoca Flavio Canto, que posaram com o cartaz da campanha sem cobrar cachê. A única participante mulher é Maria da Penha Maia Fernandes, que dá nome à lei Maria da Penha, promulgada em 2006, legislação que defende os direitos da mulher e punições para os agressores.
A importância dessa conscientização se dá mediante a proporção da violência doméstica contra as mulheres apontada no Mapa da Violência 2012- Homicídios de Mulheres no Brasil, no qual confirma que uma em cada cinco mulheres brasileiras denunciam já terem sofrido violência dentro de casa. Em 80% dos casos, os agressores são namorados e maridos.