quinta-feira, 1 de março de 2012

O casal do quarto ao lado pagou um quarto a menos



Por ACOELHOF


Sou do tempo em não havia internet. Antigamente, o sujeito para reservar um hotel recorria a uma agência de viagem, telefonava para a recepção, ou arriscava e resolvia tudo quando chegava ao hotel, se ainda houvesse vaga.

Hoje, num voo, o sujeito que viaja na poltrona ao lado pode ter pago metade do valor que você pagou por uma poltrona igualzinha. Com os hotéis está ocorrendo o mesmo. O casal do quarto ao lado pode ter pago um quarto a menos do que você pagou por um quarto igualzinho.

Com a internet, ficou muito fácil reservar hotéis. Costumamos usar o booking.com, o hotéis.com, o próprio site dos hotéis ou o tripadvisor. E ainda podemos passar uma borracha e cancelar tudo, desde que com alguma antecedência.

O TripAdvisor tem uma desvantagem: nem todos os comentários são de pessoas que de fato se hospedaram. O hotéis.com costuma cobrar antecipadamente pela reserva; se bem que há previsão de reembolso. Preferimos o booking.com: só hóspedes comentam e, geralmente, não há pagamento antecipado pela reserva.

Fora Natal, Réveillon, feriadões ou períodos de alta estação, há barbadas inacreditáveis (principalmente no exterior, aqui pousadas têm preços de resorts). Há tarifas com grandes descontos, mas para essas exige-se débito imediato do total da estada. Algumas são não reembolsáveis. Na maioria das vezes, é melhor pagar um pouco mais e ter a opção de cancelar a reserva.

O principal critério nosso na escolha do hotel é a localização. Pagamos um pouco mais por um bem localizado, não economizamos num hotel lá onde o vento faz a curva. Principalmente, se a estada for curta. Definida a localização, filtramos as opiniões por categorias no booking.com: famílias com filhos, casais maduros, grupos de amigos, viajantes individuais, casais jovens. Depois, é só ordenar pelas notas dos comentaristas.

Dá para confiar nos comentários dos hóspedes? Os comentaristas de hotéis às vezes agem como os esportivos, deixam a razão de lado. Haja emoção. Se uma mulher encontra uma barata no quarto... Às vezes, o hotel é ótimo, mas o sujeito implica com o atendente, que não teria sido muito simpático. Ou naquele exato dia, faltou água. Por isso, caprichamos no filtro, no pente-fino.

Feita a reserva, voltamos ao booking.com algum tempo depois e pesquisamos o mesmo hotel, na mesma data. Foi o que se passou conosco nesta semana. Já tínhamos feito uma reserva há mais de um mês. Ao pesquisarmos novamente o mesmo quarto, no mesmo hotel, na mesma data, vimos que estava 25% mais barato. Desta vez, seremos o casal do quarto ao lado que pagou um quarto a menos.

Por fim, um mea culpa nosso. Muitos comentaristas de hotéis já nos ajudaram, mas não temos ajudado outros viajantes. Raramente fazemos comentários sobre os hotéis depois que nos hospedamos. Foi o caso de uma viagem, em maio de 2011, a uma ilha grega. Reservamos pela internet o hotel do seu Panos, o Aeolos, por recomendação de brasileiros. Seu Panos vai buscá-lo no aeroporto, carregar sua mala, tratá-lo como filho. Assistimos juntos, pela TV, à final da Liga dos Campeões entre Barcelona e Manchester United. Naquele dia, seu Panos trabalhou de garçom, sentou no pior lugar e não deixou ninguém se levantar da poltrona.

No ano passado, logo depois da viagem, recebemos um e-mail do booking.com, mas não fizemos nenhum comentário sobre o hotel do seu Panos. Ele tinha um pecado: a localização. Os brasileiros elogiavam tanto o hotel que não levamos muito em conta logo o principal critério. Por não poder dar uma ótima nota no quesito localização, preferimos não responder ao e-mail. Se no booking.com houvesse o quesito “gente boa”, seu Panos mereceria um dez.

Nossa próxima meta é outra ilha: Fernando de Noronha. Seu Panos nos contou que já foi lá. E, pelo jeito, é melhor que a ilha dele.

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