quarta-feira, 7 de março de 2012

Terror e morte na URSS de Stálin



Os expurgos políticos dirigidos por Stálin na União Soviética, na década de 1930 (a partir de 1934), e continuados, em escala menor, até a morte do seu mentor (1953), permanecem uma incógnita histórica. Estudos de vários tipos e tendências apareceram sobre o tema, porém vitimadas, em sua maioria sem saber a causa da punição. A análise sociológica define algumas motivações desse sacrifício humano, mas estaca nos limites da racionalidade a desvendar.

Hoje tem-se a idéia aproximada da dimensão do acontecimento, apesar da inacessibilidade dos arquivos da polícia secreta russa – sucessivamente chamada Cheka, GPU, NKVD e KGB. Declarações de líderes, memórias de sobreviventes, comentários oficiosos e documentos oficiais são as melhores fontes. Deve-se cotejá-las, para fins de equilíbrio com relatos de comunistas hostis à liderança de Moscou, dando-se destaque aos trotsquistas e aos iugoslavos. As estimativas variam, naturalmente; apenas o Estado soviético poderia estabilizá-las, o que se recusa a fazer, não indo além das vagas referências de Kruschev a “muitos milhares de vítimas”, no chamado Informe Secreto ao XX Congresso do Partido, em 1956. Depois de 1962, o Governo da URSS vetou discussões do assunto, e uma discreta campanha de reabilitação do nome de Stálin e do seu tempo teve curso. Essa campanha continua em vigor.

No mais baixo índice de cálculo, todavia, as mortes e prisões desafiam a nossa imaginação e sensibilidade. É-nos impossível percebê-las como coisa viva, no alcance da experiência individual, pois possuem a magnetude das catástrofes da natureza, ou daquelas pragas que Deus criava contra os inimigos dos hebreus. E, permeando o horror e o sofrimentos indizíveis de um povo, ainda ecoa a pergunta do ex-Comissário Executivo do Povo Lakov Livhtis, em 30 de janeiro de 1937, antes de ser executado: “Zachto”? Por quê?

Nem Hitler se compara a Stálin na qualidade da fúria assassina e persecutória. Na qualidade, supera-o. Hitler matava e prendia inimigos do nazismo. Os próprios judeus, no caso, desempenharam o papel dos capitalistas no comunismo. Nenhuma ideologia, idealista ou materialista, ganha impulso sem demônios – todo São Jorge precisa de um dragão para afirmar-se. Hitler mandou fuzilar alguns adeptos, como o Capitão Rohm e o resto da liderança das tropas de choque nazistas, em 1934, mas eles eram um obstáculo comprovado à união de governo civil e exército, indispensável ao sucesso da política externa do ditador. No mais, Hitler foi de uma indulgência a toda prova diante da corrupção, dos vícios e das gafes de seus asseclas.

Já Stálin ordenou de pronto o fuzilamento do comandante do front noroeste da URSS, General Rygachov, porque partes de sua Força Aérea foram destroçadas no solo, nas primeiras horas da invasão nazista, em 22 de junho de 1941. Note-se que a pasmaceira militar do país, cujas armas não estavam sequer de prontidão, era da responsabilidade de Stálin, que recebera avisos da iminente ofensiva de Hitler, via Stafford Cripps, embaixador inglês em Moscou, e Richard Sorge, o principal agente da NKVD no estrangeiro, sediado em Tóquio. Nem por isso (ou talvez, por isso), Stálin deixou de condenar à morte, além de Rygachov, o General Pavlovo (comandante do front oeste), seu chefe do Estado-Maior, Klimovsky, e Korobkov, comandante do IV Exército, jogando sobre eles a culpa das pesadas derrotas e perdas nos primeiros meses de luta.

É possível contra-argumentar que esses infelizes oficiais não pertenciam ao circulo íntimo de Stálin ao contrário de Goering em relação a Hitler. Certo, mas Stálin também fez liquidar companheiros, amigos e parentes. Preferiu perder um filho prisioneiro dos alemães, a trocá-lo por um nazista importante. Essa atitude é aceitável para alguns, como demonstração de heroísmo (à custa da vida do próximo), desumano embora, ou, na melhor das hipóteses, sobre humano, Stálin, porém, pôs na cadeia a mulher de Molotov, seu mais chegado colaborador. Mandou matar o irmão de sua mulher, Nadezhda Alliluyeva, a quem levara ao suicídio, em 1932. Dos 1966 delegados ao “Congresso dos Vitoriosos” (o XVII Congresso do Partido, em janeiro de 1934), 1108 foram fuzilados nos anos seguintes.


Começam as matanças Stálin é igualado a Gengis Khan
http://www.gentedanossaterra.com.br/stalin.html

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