segunda-feira, 7 de novembro de 2011

E-book pode ter final triste para autores independentes


Por Jeffrey A. Trachtenberg | The Wall Street Journal

A publicação independente de livros hoje em dia tem cada vez mais desfechos completamente diferentes.

Há autores já conhecidos, como Nyree Belleville, que diz que ganhou meio milhão de dólares nos últimos 18 meses vendendo diretamente os livros, em vez de usar uma editora.

Mas também há estreantes como Eve Yohalem. Mais de um mês depois de publicar por conta própria o primeiro livro, ela só conseguiu faturar US$ 100 - depois de gastar US$ 3.400. Mas ela diz que não está com pressa.

A publicação independente existe há décadas. Mas graças à tecnologia digital e especialmente ao nascimento dos livros eletrônicos, o número de lançamentos de títulos independentes subiu 160% em 2010, para 133.036, ante 51.237 no ano anterior, calcula a R.R. Bowker, que monitora o segmento editorial.

A Amazon. com Inc. alimentou esse crescimento quando ofereceu aos autores independentes até 70% da receita gerada pela venda dos livros digitais, a depender do preço final. Já as editoras tradicionais normalmente pagam 25% da receita líquida no segmento digital, e até menos para a venda de livros impressos.

Para alguns autores conhecidos, porcentagens como essas podem tornar a publicação independente um golaço. Belleville, por exemplo, uma escritora experiente de livros românticos que passou sete anos usando o pseudônimo Bella Andre e um ano como Lucy Kevin, publicou por conta própria seu primeiro e-book em abril de 2010. Desde então ela já conseguiu vender 265.000 cópias de seus dez títulos publicados de maneira independente, a maioria com preços que vão de US$ 2,99 a US$ 5,99. A quantia total obtida por ela com esses dez títulos publicados desde abril do ano passado: mais de US$ 500.000 depois das despesas, diz ela. Antes o máximo que ela conseguiu faturar com um livro foi US$ 33.000.

Darcie Chan, escritora indepentende voltada para o público feminino, assistiu à ascensão de seu novo livro, "The Mill River Recluse", para o quinto lugar da lista do The Wall Street Journal de mais vendidos em formato digital na semana encerrada em 23 de outubro. Chan cobra apenas US$ 0,99 por cópia digital do livro, sobre uma viúva cheia de segredos que mora no Estado de Vermont. Ela diz que já vendeu "centenas de milhares" de cópias desde que começou a oferecê-lo na Amazon, em maio. O livro, que também está disponível na Barnes & Noble Inc. e em outros varejistas na internet, tinha sido rejeitado por algumas das maiores editoras americanas.

"Minha intenção era divulgar gradualmente meu nome como escritora, porque quando o livro foi rejeitado uma das coisas que ouvi foi que ninguém me conhecia", diz Chan. "Jamais esperei que isso fosse acontecer", diz ela sobre as vendas na internet.

Chan diz que o livro ganhou destaque em vários sites que vendem livros digitais para o aparelho Kindle, da Amazon, e recomendam e-books para os leitores. O livro atingiu em agosto a lista dos dez mais vendidos da loja Kindle e no fim de outubro chegou à sexta colocação. Ela pagou um site para fazer a resenha do livro, algo que ela acha que pode ter contribuído para as vendas. E ela ainda realizou algumas "campanhas publicitárias baratas na web" que também ajudaram a divulgar o livro aos leitores. Chan, que se formou em direito, disse que o livro agora será reenviado às grandes editoras que o rejeitaram no início.

Mas também há escritores como Erik Kjerland. Ele publicou por contra própria quatro romances e um livro sobre edição independente ano passado, sob o pseudônimo Derek J. Canyon. Seu lucro, de cerca de US$ 5.000, com faturamento de cerca de US$ 10.000, é melhor do que ele esperava, mas não foi o suficiente para ele abandonar seu trabalho de redator de manuais técnicos.

A dúvida que intriga mais os pretendentes a escritor independente não é se eles serão considerados párias literários, mas como publicar e quanto custará. Apenas conseguir a atenção dos leitores é já um desafio enorme, apesar de que os e-books podem ficar disponíveis indefinidamente.

"Uma das maiores diferenças entre o e-book e o livro impresso é o ciclo de vendas", diz Yohalem. "É quase o contrário. Um comprador de uma rede de livrarias toma uma decisão até seis meses antes de o livro ser publicado, e depois ele terá não mais que seis meses na prateleira. Depois disso seu ciclo de vendas se encerra. Mas com os e-books é o contrário. Geralmente leva de seis a nove meses para o livro decolar e você nunca deixa de vendê-lo."

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