quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Commodities, choques externos e crescimento: reflexões sobre a América Latina

Por Ricardo de Medeiros Carneiro


A elevação de preços das commodities, cuja duração alcança quase uma década, tem levado muitos economistas a rever as suas concepções a respeito das possibilidades de desenvolvimento das economias especializadas na sua produção.

Até o início dos 2000, não era incomum mesmo em searas ortodoxas, as referências à deterioração dos termos de intercâmbio como fator impeditivo do desenvolvimento e mesmo, alusões ao caráter paradoxal da benesse da abundância dos recursos naturais como geradora de seu contrario; a maldição.

A intensidade, em termos de patamar, a abrangência, quanto ao número de produtos, e a duração, em número de anos, do aumento de preços, sugere que se está diante de fatos históricos particulares a requerer uma análise e reflexão aprofundadas. Este trabalho se propõe a abordar este tema, destacando uma questão de fundo: até que ponto agora é diferente?

Estaremos de fato diante de uma nova configuração do sistema mundial e de novas tendências nos preços, que podem se constituir num importante incentivo para o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos, particularmente na América Latina?

Para abordar o assunto, optou-se por privilegiar alguns aspectos dentre tantos outros possíveis, bem como, lançar mão de informações estatísticas para um período mais largo, na esperança de que o passado ajude a entender o presente. Assim, são examinados na sequência do texto: a natureza da produção de commodities e o desempenho comparado dos países periféricos nelas especializados; a tendência secular dos preços, no que tange a patamares, volatilidade e correlação; a recente financeirização dos preços; os padrões de especialização produtiva na América Latina e os perfis alternativos de política econômica; os arranjos de políticas internacionais.
 
 

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