segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Camisinha de elefante

Por
Marcio Damasco
Rionet

Anos atrás havia dois boatos recorrentes que surgiam devagar, ganhavam força e, de repente, sumiam. Um era sobre a fábrica de cigarros Souza Cruz e o outro sobre a Coca-Cola.
Sobre a Souza Cruz garantia-se que quem juntasse um determinado número de fitas que abriam o lacre dos maços de cigarros, ganhava uma cadeira de rodas. Mesmo depois que a empresa publicou matéria paga nos jornais desmentindo a promoção, de vez em quando a história voltava. Depois, sumiu de vez.
A Coca-Cola era vítima de uma denúncia. Na maioria das vezes em que se estava tomando o refrigerante, aparecia alguém que recomendava jogar, no ato, o líquido fora. A justificativa era de que dentro dos tonéis das fábricas havia corpos de inúmeros funcionários da empresa que, por acidente, tinham caído lá dentro. Bebiam-se restos mortais.
Havia a lenda de que certo número de garrafas pet cheias de anéis das latas de bebidas de alumínio valia R$ 200,00. Um desavisado juntou quatro garrafas e passou a procurar, sem sucesso, um comprador. Um dia viu de longe uma garrafa pet cheia dos anéis na bancada de um ambulante. Repleto de esperança aproximou-se da barraca do camelô, onde leu o seguinte leu aviso colado na garrafa: TAMBÉM NÃO SEI QUEM COMPRA!
As sopinhas para crianças e os iogurtes, quando foram lançados, sofreram na língua dos boateiros. Dizia-se que na composição dos produtos, junto aos legumes, frutas, leite, etc., era adicionado tudo que pudesse engrossar e dar consistência ao resultado final.
Sobre as goiabadas afirmava-se que eram feitas de uma mistura de goiaba com chuchu. Os pós de café tinham palha misturada aos grãos para dar mais volume. Os queijos eram farinha pura. Com as avaliações do Inmetro sobre os produtos sendo constantemente divulgadas pela imprensa, essas denúncias praticamente desapareceram.
Mesmo com a automação das indústrias, ainda há denúncias de uma perna de barata aqui e um fio de cabelo acolá. Mas, nada que cause grande comoção popular. Contudo, esta semana foi surgiu a notícia que a 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Lajeado (RS) condenou a Unilever a indenizar em R$ 10 mil, por danos morais, uma consumidora que achou uma camisinha numa lata de extrato de tomate “Elefante”. A autora da ação narrou que depois do almoço foi retirar da lata o que havia sobrado do extrato de tomate e percebeu mofo dentro dela. Mexeu no conteúdo e encontrou um preservativo masculino encoberto pelo molho. Ela afirmou que ela e a família sentiram náuseas e vômitos.
A empresa, mesmo informando que a marca não é mais sua, que o processo de fabricação é automatizado, não havendo contato humano, disse que irá abrir inquérito interno para saber como aconteceu o acidente. Quem sabe comece interrogando o elefante da propaganda, o mesmo que ilustra as embalagens: “É sua?”

Mario Marcio Damasco, servidor aposentado, é formado em Comunicação Social - mario.marcio@bcb.gov.br

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