quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Inside Job



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ERDANET
Ontem acabei de ver pela segunda vez o excelente documentário Inside Job, de Charles Fergunson (108 minutos), contando a crise de 2008 vista pela perspectiva de cima (diferentemente de Michael Moore, com Capitalism – A Love Story, que conta a mesma história vista de baixo). Fiquei com a impressão de que teria que ser passado na TV Bacen, e que seria obrigatória (no sentido de “altamente recomendável”) para qualquer funcionário que trabalhe num banco central, mas acho isso bem improvável. É didático mas não accessível ao público em geral, é um tanto quanto técnico, mas tranquilo para um baceniano. Narra o nascimento dos derivativos, o trabalho de arquitetura e construção da “cadeia alimentar” dos subprimes, e termina no final de 2010, o que, de certa forma, ajuda a antecipar o que vem pela frente. O documentário mostra claramente que a disputa entre Democratas e Republicanos nos EUA fica restrita ao campo político, porque o staff de protagonistas das últimas crises financeiras globais é praticamente o mesmo desde Bush Pai, depois Clinton, Bush Filho, e agora Obama, o mesmo pessoal está dando as cartas pelos últimos quase 30 anos. Entrevistas com espectadores privilegiados: DSK (ainda no FMI), Lagarde (como ministra de finanças francesa), o primeiro ministro de Singapura, o ministro de finanças chinês, e outros altos coturnos mundiais. Mas o palco é Wall Street. Alguns pontos de destaque: a redução planejada das atribuições e contingentes de fiscalizadores no Fed e na Sec americanos, o estreito relacionamento entre as faculdades de economia top de linha americanas (Harvard, Berkeley, Colúmbia e etc.) + lobistas + os top dogs dos grandes conglomerados financeiros + as gigantes de seguros + as 3 maiores agências de rating americanas e + o “estado mínimo” regulador e fiscalizador americano, a relação íntima entre os wall streeters e a cocaína e outros bichos mais. Os caras que arquitetaram as enormes perdas ficaram bilionários, e nunca serão processados, simplesmente porque continuam ocupando os postos-chave na condução da economia americana no atual governo. Fiquei pensando na validade e alcance dos inúmeros seminários promovidos pelo FED, FMI, GAFI, FATF e Basiléia ao redor do mundo, quando o próprio sistema financeiro americano (de acordo com o documentário) tem atuação marcante na lavagem de dinheiro do narcotráfico mexicano, no financiamento do Irã, Iraque (Estados terroristas?). Existe versão legendada, achei a tradução bem legal. Pode ser facilmente obtido pelos conhecidos meios internéticos. Esse documentário é esclarecedor, não precisei fazer aqui qualquer juízo de valor, apenas tentei fazer uma review desse imperdível relato da história que ainda vivemos e estaremos vivendo no futuro. Muitas coisas são desmistificadas, a verdade é trazida à tela às vezes de forma crua, chocante. É a pela de teatro vista por trás das cortinas do palco. Quase pornográfico.

Rodrigo Loureiro Araujo

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